Julio Gonçalves

Recurso – Perguntas de Triagem Diagnóstica

entrevista psicológica para triagem diagnóstica é uma ferramenta fundamental para entender o indivíduo de maneira individualizada, permitindo que profissionais de saúde mental identifiquem aspectos relevantes que os pacientes enfrentam. 

Neste artigo, abordaremos cada dimensão de um modelo de entrevista inicial que uso na prática clínica, para destacar sua importância na avaliação e na formulação de caso dos pacientes.

1) Dificuldades e Sintomas

Cognitivas: As dificuldades cognitivas se referem a problemas relacionados ao pensamento e ao funcionamento mental. Isso pode incluir déficits nas funções executivas, sendo habilidades mentais superiores responsáveis pelo planejamento, organização, tomada de decisões e resolução de problemas. Quando alguém apresenta dificuldades cognitivas, pode ter problemas em lidar com conceitos abstratos, planejar tarefas, manter o foco, lembrar informações importantes ou tomar decisões adequadas. Aqui também entram as crenças nucleares e pressupostos subjacentes.

Emocionais: As dificuldades emocionais se referem a desafios relacionados aos sentimentos e emoções de uma pessoa. Isso pode incluir a experiência de sentimentos intensos e persistentes, como profunda tristeza (depressão), ansiedade constante (transtorno de ansiedade) ou raiva incontrolável (transtorno explosivo intermitente). Essas emoções podem ser tão intensas que afetam negativamente o bem-estar emocional e o funcionamento diário de alguém. Dificuldades emocionais podem incluir uma ampla gama de sintomas emocionais, desde o medo e a preocupação até a tristeza e a irritabilidade, que podem variar em intensidade e duração.

Fisiológicas: As dificuldades fisiológicas envolvem as respostas físicas do corpo às emoções e ao estresse. Por exemplo, quando alguém experimenta ansiedade intensa, isso pode desencadear respostas físicas como palpitações cardíacas (a sensação de que o coração está batendo forte ou rápido), sudorese excessiva, dores de cabeça frequentes, tremores, tensão muscular e até mesmo sintomas gastrointestinais, como dor de estômago. Essas respostas fisiológicas podem ser desconfortáveis e, em casos graves, podem contribuir para problemas de saúde física, como hipertensão arterial ou distúrbios gastrointestinais crônicos.

Comportamentais: As dificuldades comportamentais se relacionam com as ações observáveis de uma pessoa. Isso pode incluir comportamentos compulsivos, nos quais alguém se sente compelido a realizar ações repetitivas, como lavar as mãos excessivamente (transtorno obsessivo-compulsivo). Também pode envolver o isolamento social, onde uma pessoa evita interações sociais ou se retira do convívio social significativamente. Além disso, dificuldades comportamentais podem se manifestar como abuso de substâncias, onde alguém recorre ao uso de álcool, drogas ou outros comportamentos prejudiciais para lidar com seus problemas emocionais ou cognitivos. 

2) Episódio Inicial e Condições de Piora/Melhora

Precipitantes: Envolve a identificação de eventos ou situações que desencadearam as dificuldades e sintomas pode fornecer insights importantes para o tratamento. Esses precipitantes podem ser de curto, médio e longo prazo. Por exemplo, uma pessoa passa a manifestar sintomas de depressão quando perde um parente próximo (médio prazo) e a partir disso, qualquer estímulo que lembre do mesmo, como passar por uma cafeteria que costumavam ir (curto prazo), elicia respostas emocionais adversas. 

Manutenção: Compreender o que perpetua esses problemas é crucial. Algumas condições podem piorar devido ao estresse, enquanto outras podem melhorar com o suporte adequado. Por isso, identificar os fatores que sustentam o sofrimento é relevante numa perspectiva de tratamento.

Proteção: Reconhecer as estratégias de coping do indivíduo é fundamental para o plano de tratamento. Hobbies, atividades e recursos pessoais podem ser fontes de resiliência, além de serem possibilidade de serem utilizadas como estratégias de redução de estresse e de apoio ao tratamento.

3) Pontos Fortes e Qualidades

É igualmente importante avaliar os pontos fortes e recursos do indivíduo, incluindo: 

Hobbies: Os interesses pessoais podem servir como uma válvula de escape e fonte de prazer.

Qualidades no Trabalho: Habilidades profissionais podem contribuir para a autoestima e a satisfação. 

Qualidades como Cônjuge: Como o paciente se relaciona em seu casamento pode influenciar significativamente sua saúde mental. 

Qualidades como Familiar: A dinâmica familiar desempenha um papel crucial no bem-estar. 

Qualidades como Amigo: Relações sociais são um importante suporte emocional. 

Outras Qualidades Gerais: Além disso, qualquer talento, habilidade ou característica positiva do paciente deve ser reconhecido.

Além disso, a investigação de tais aspectos possibilita com que se observe a percepção dos pacientes sobre si, mundo e futuro (crenças nucleares) em cada um deles.

4) Priorização de Dificuldades e Sintomas

Classificar as dificuldades por prioridade e impacto serve para estabelecer metas de tratamento. Os pacientes podem atribuir uma pontuação de 0 a 10 para o impacto de cada problema em suas vidas, ajudando a determinar quais devem ser abordados primeiro. Isso permite uma abordagem mais direcionada e eficaz para melhorar seu bem-estar.

Entender cada dimensão da entrevista de triagem diagnóstica é essencial para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento eficaz. Isso ajuda os profissionais de saúde mental a não apenas abordar as dificuldades e sintomas do paciente, mas também a reconhecer seus pontos fortes e recursos pessoais que podem ser mobilizados para a recuperação. 

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Júlio Gonçalves

Psicólogo e Supervisor

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