Conteúdo escrito por Júlio Gonçalves e Jennifer Craco
O diagnóstico de Transtorno Bipolar (TB) tem muito a ver com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): ambos podem apresentar distratibilidade, hiperatividade, impulsividade, pensamentos rápidos, fala excessiva e irritabilidade. Tantos sintomas em comum dificultam um diagnóstico assertivo, especialmente na infância.
Estas sete perguntas pode nos ajudar a descobrir se estamos diante de um caso de bipolaridade ou de TDAH:
1. A pessoa tem sintomas de TDAH?
2. Como os sintomas de TDAH mudam ao longo do tempo?
3. Seus sintomas cognitivos são estáveis ou cíclicos?
4. Que tipo de problemas cognitivos a pessoa tem?
5. Quão frequentes e intensos são seus episódios depressivos?
6. Ela tem um histórico familiar de TDAH ou transtorno bipolar?
7. Como ela responde a remédios estimulantes?
Parecem perguntas relativamente simples à primeira vista, concorda? Mas todas são desafiadoras, de uma maneira ou de outra. Como mencionado acima, os sintomas são muito parecidos, o que deixa a primeira questão, de certa forma, dependente das demais.
Quanto à segunda, essa pode ser mais útil para adultos e limitada para o diagnóstico em crianças, haja vista que com a idade os sintomas cognitivos no transtorno bipolar tendem a piorar, enquanto no TDAH a sintomatologia costuma melhorar ou até mesmo se resolver dos dezoito aos vinte e cinco anos.
Quanto à questão três, é comum utilizarmos para diagnóstico diferencial a noção de que os sintomas do TB são cíclicos, enquanto os do TDAH costumam ser mais persistentes e estáveis. Contudo, pesquisas recentes já demonstraram que, mesmo fora de episódios de humor, alguns problemas cognitivos persistem em pacientes bipolares (sejam eles adultos ou crianças).
No que tange aos problemas cognitivos mais comuns, os bipolares tendem a ter maiores problemas em funções executivas, como a flexibilidade à mudança de regras, o planejamento de tarefas complicadas e o filtro de informações irrelevantes. No caso do TDAH, a memória de trabalho sofre mais dano, bem como a fluência verbal.
Sobre a questão cinco, os pacientes com TB costumam ter crises mais frequentes e severas de depressão do que pessoas com TDAH.
O histórico familiar também é um ponto importante, haja vista que ambos transtornos têm fortes bases genéticas; investigar se os familiares daquela pessoa possuem algum dos transtornos pode ser uma “virada de chave” para o diagnóstico. E, por fim, os estimulantes (como a ritalina e o venvanse) tendem a acalmar pessoas com TDAH – enquanto aumentam a motivação, a energia e o humor de pessoas com TB.
Complexo, não? Para ajudar, criei um documento explicativo sobre cada uma dessas perguntas, que pode ser baixado aqui
Aiken, C. (2021, January 11). 7 Questions That Separate ADHD From Bipolar Disorder. Psychiatric Times. https://www.psychiatrictimes.com/view/7-questions-that-separate-adhd-from-bipolar-disorder?slide=1
Júlio Gonçalves
Psicólogo e Supervisor
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