Que a tecnologia está evoluindo rapidamente, todos sabemos. Mas isso é um desafio para o estudo da dependência digital, uma vez que até plataformas como TikTok e jogos como o Fortnite podem se tornar obsoletas em um piscar de olhos. Nesse contexto, pesquisadores da Universidade de Binghamton, Universidade Estadual de Nova York, desenvolveram uma nova ferramenta para medir o vício em mídia digital, adaptável às mudanças tecnológicas. Daniel Hipp e Peter Gerhardstein, em colaboração com o Centro de Educação e Tratamento de Mídia Digital, criaram a Escala de Uso Excessivo de Mídia Digital (dMOS).

Essa ferramenta foi projetada com questões “esqueléticas” focadas na psicologia, permitindo que médicos e pesquisadores adaptem as perguntas a vários domínios tecnológicos, como mídias sociais ou jogos. A escala foi testada através de uma pesquisa anônima com mais de 1.000 estudantes universitários, avaliando cinco domínios de mídia digital: uso geral de smartphones, consumo de vídeos na Internet, uso de mídias sociais, jogos e uso de pornografia.

A pesquisa revelou que a maioria dos estudantes demonstra poucos indicadores de dependência ou uso excessivo de mídia digital. No entanto, alguns estudantes apresentaram atitudes e comportamentos clinicamente problemáticos em relação ao uso de mídias digitais, semelhantes aos problemas derivados do uso de drogas ou sexo (e que seriam encarados como vícios importantes se de fato dissessem respeito ao uso de drogas ou ao sexo). Além disso, os padrões de uso eram específicos a determinados domínios tecnológicos.

Os dados sugerem que o uso excessivo de mídia digital não é generalizado, mas concentrado em alguns domínios específicos, como as mídias sociais. A dMOS mostrou-se uma ferramenta confiável e válida para fornecer pontuações clinicamente relevantes em diversos domínios de mídia digital. Portanto, este instrumento pode ajudar a identificar e abordar problemas de uso excessivo de mídia digital, adaptando-se às novas tecnologias que surgirem.

Embora os resultados iniciais sejam promissores, a escala ainda precisa ser testada em uma variedade maior de populações e contextos. A equipe está expandindo a escala para incluir novos domínios tecnológicos em estudos de acompanhamento e busca colaborar com outros pesquisadores para melhorar a compreensão da relação entre psicologia humana e mídia digital.