Você corre o risco de esgotamento?

BURNOUT

A síndrome de burnout costuma ser caracterizada por uma sensação intensa de exaustão física e mental decorrente de estresse constante, e normalmente está associada ao trabalho. No entanto, evidências apontam que o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal exerce um papel fundamental nessa condição, pois há prejuízo em outras áreas da vida além do trabalho – o esgotamento não termina ao se chegar em casa.

Apesar de o burnout constar na CID-11 (Compreendendo três fatores: exaustão emocional, despersonalização e eficácia profissional reduzida), é importante ressaltar que se trata de uma síndrome e não de uma doença. A síndrome de burnout está descrita no capítulo “Fatores influenciando o estado de saúde ou contato com serviços de saúde” da CID. Síndromes são descritas como um conjunto de sinais e sintomas que podem ter causas variadas, apresentando prejuízos físicos e psicológicos, como problemas no sono, dores relacionadas a lesões musculoesqueléticas, depressão e doenças cardiovasculares.

SINAIS DE RISCO DE ESGOTAMENTO

1. Você se sente mentalmente esgotado no trabalho.

2. Você tem dificuldade em sentir entusiasmo com seu trabalho.

3. Você tem dificuldade de concentração ao trabalhar.

4. Às vezes, você exagera no trabalho sem querer.

IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO PRECOCE

Os efeitos do estresse a longo prazo costumam causar impactos nocivos à saúde, sendo importante estar alerta aos primeiros sinais de burnout, pois algumas pessoas podem passar anos nessa situação, acarretando a perda de produtividade, faltas no trabalho e até mesmo o desligamento das organizações.

NOVA FERRAMENTA – BAT

Leon De Beer, professor associado de psicologia organizacional e do trabalho no departamento de psicologia da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), junto com colegas do grupo de pesquisa Health Work Places, publicou um novo estudo no Scandinavian Journal of Psychology, onde desenvolveram uma nova ferramenta capaz de medir a exaustão, o distanciamento mental e os comprometimentos cognitivo e emocional, permitindo a identificação dos primeiros sinais de alerta de burnout, a fim de minimizar os riscos de esgotamento.

O reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) do burnout como um problema ocupacional, aliado à dificuldade de identificação da condição e às limitações das medidas atuais, levou os cientistas a desenvolverem a Burnout Assessment Tool (BAT).

A ferramenta original consiste em 23 itens em escala Likert, enquanto a versão curta possui 12 itens. Os pesquisadores utilizaram a ferramenta para estudar uma amostra representativa de 500 trabalhadores noruegueses, obtendo como resultado que 13% desses trabalhadores apresentavam alto risco de esgotamento profissional, identificando aqueles que necessitam de acompanhamento mais urgente para que esse risco possa ser reduzido.

Você pode utilizar uma versão simplificada da ferramenta original em norueguês neste site! Mas atente-se às palavras do professor Christensen: “Para fins educacionais e de entretenimento, os interessados podem usar nossa ferramenta online para testar se correm risco de esgotamento. Observe que a ferramenta apenas dá uma indicação de risco e não fornece nenhum tipo de diagnóstico formal ou aconselhamento médico. Se você está preocupado com seus níveis de estresse relacionado ao trabalho, nós o encorajamos a visitar um profissional de saúde para discutir o assunto”.

CONCLUSÃO

A BAT está sendo testada em mais de 30 países e tem se mostrado um instrumento promissor na identificação precoce dos sintomas, possibilitando mitigar as consequências de longo prazo e encontrar soluções para melhorar a situação, além de reforçar a importância das demandas e recursos do trabalho. Na Noruega, foi identificado que o suporte do supervisor como recurso de trabalho minimiza os impactos do burnout, sendo um ponto a ser observado.

A BAT apresenta evidências de confiabilidade, validade e imparcialidade da ferramenta entre gêneros em ambas as versões, tendo sido adaptada para vários países, inclusive para o Brasil. No entanto, ainda não há uma pesquisa relatando os escores com uma amostra significativa a nível nacional brasileiro.