Julio Gonçalves

Conteúdo escrito por Jennifer Craco

As crenças sobre emoções desempenham um papel fundamental em nossa vida diária, moldando nossas experiências emocionais, comportamentos e relacionamentos. Compreender o impacto dessas crenças é essencial para promover o bem-estar emocional individual e melhorar a qualidade dos relacionamentos interpessoais. Recentemente, tem-se destacado a influência dessas crenças na regulação emocional e na saúde mental, enfatizando a importância de examinar esses aspectos em estudos científicos. O interesse por esse tema tem crescido especialmente após a pandemia, pois estamos mais focados no quanto estamos depressivos, ansiosos e estressados ultimamente. Concorda?

Estudos recentes, como os destacados neste artigo da Scientific American, demonstram que as crenças sobre a controlabilidade das emoções influenciam diretamente como as pessoas se sentem, agem e se relacionam com os outros. Pesquisas têm utilizado diversas abordagens metodológicas, incluindo escalas de autorrelato, para investigar a relação entre crenças sobre emoções e seu impacto nas interações sociais. Percebe-se que indivíduos com crenças negativas sobre emoções tendem a evitar expressar seus sentimentos, enquanto aqueles com crenças mais positivas podem adotar estratégias de regulação emocional mais eficazes.

E que escalas e abordagens metodológicas são essas que citamos? Podemos citar o Questionário de Crenças Emocionais e a escala de Crenças Individuais sobre Emoção (IBAE), por exemplo. Como já falamos acima, avaliar essas crenças é importante pois isso tem impacto nas próprias emoções e na maneira como os sujeitos as expressam. Se uma pessoa identifica que está se sentindo triste ou zangada, por exemplo, pode lançar mão de alguma estratégia de regulação emocional, como a reavaliação cognitiva (chamada também de ressignificação), para amenizar essas emoções dolorosas.

Outra forma interessante de lidar com isso é aprender a olhar para as próprias emoções sem julgá-las – aceitar emoções negativas melhora a nossa saúde mental, ainda de acordo com o artigo. Nossas emoções são importantes por uma série de motivos; o medo, por exemplo, faz com que evitemos situações de perigo. O nojo, por outro lado, pode impedir que comamos alguma coisa estragada que nos faria mal. Os sentimentos negativos, por mais difícil que seja aceitar isso, têm uma função importantíssima para nossa adaptação ao meio. 

Por fim, a análise crítica desses estudos destaca a importância de promover crenças saudáveis sobre emoções para melhorar o bem-estar emocional e fortalecer os vínculos interpessoais. Mas ainda temos algumas questões em aberto: precisamos investigar como intervenções psicológicas podem ser desenvolvidas para modificar crenças disfuncionais e promover uma relação mais saudável com as emoções. Em suma, o estudo das crenças sobre emoções oferece insights valiosos para entender como nossas percepções moldam nossas experiências emocionais e nossos relacionamentos, destacando a importância de promover uma visão mais adaptativa (e saudável!) das emoções.

Russo, F. (2023, November 21). Beliefs about Emotions Influence How People Feel, Act and Relate to Others. Scientific American. https://www.scientificamerican.com/article/beliefs-about-emotions-influence-how-people-feel-act-and-relate-to-others/