Pessoas com Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) sofrem de uma problemática bastante complexa: o diagnóstico incorreto. Cerca de 40% dos pacientes com TAB são, a princípio, diagnosticados com transtorno depressivo maior, atrasando o oferecimento de um tratamento adequado. Inclusive, já falamos sobre isso aqui: Dilemas no diagnóstico do Transtorno Bipolar: Superdiagnóstico ou Subdiagnóstico?

Imagine, então, quão bom seria termos um exame de sangue que rapidamente confirmasse o diagnóstico de TAB?

Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Cambridge combinaram um exame de sangue com um teste psiquiátrico para diagnosticar o transtorno. Eles afirmam que o teste sanguíneo (sozinho!) conseguiria diagnosticar corretamente 30% dos pacientes – o que já é de grande ajuda, considerando que aproximadamente 80 milhões de pessoas no mundo possuem TAB. 

Mas como funciona esse exame de sangue, afinal? Entre os anos de 2018 e 2020, mais de 3000 participantes foram recrutados para uma pesquisa que visava identificar o TAB em pacientes que receberam o diagnóstico de transtorno depressivo maior. Eles responderam mais de 600 perguntas sobre episódios passados, ansiedade, sintomas de mania, abuso de substância e histórico familiar. Destes, 1000 foram selecionados para enviar uma amostra de sangue. 

Finalmente, a análise dos exames demonstrou a existência de marcadores biológicos significativos para TAB, e os pesquisadores ressaltam que o transtorno tem uma base biológica que afeta o corpo como qualquer outra doença; por isso, é importante que os pacientes saibam que os sintomas não são “coisa da cabeça deles”. Agora, nos resta torcer para que ainda mais descobertas sejam feitas nessa área.