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Conteúdo escrito por Jennifer Craco
É comum ouvirmos falar sobre a dopamina como o neurotransmissor “do prazer” – e, de fato, ao longo de muitos anos a dopamina foi estudada com grande enfoque na sua ação na busca por recompensas. Porém, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Wake Forest se propuseram a investigar um aspecto diferente: como a dopamina codifica recompensas e punições no cérebro humano em escalas de tempo rápidas?
Para responder a essa pergunta, os pesquisadores utilizaram de um método que detecta e mede (dez vezes por segundo!) os níveis de dopamina do cérebro em tempo real. Porém, esse método só pode ser realizado por meio de procedimentos invasivos, como a cirurgia cerebral de Estimulação Cerebral Profunda (Deep Brain Stimulation – DBS). A DBS é muito comumente usada para o tratamento de pessoas com Parkinson; e, por esse motivo, três pessoas com a doença, que já iriam receber a DBS, puderam participar da pesquisa.
Na sala de cirurgia, acordados, os pacientes jogaram videogame enquanto seus níveis de dopamina eram medidos: durante o jogo, as escolhas dos participantes eram recompensadas ou punidas com ganhos ou perdas monetárias. Por meio de uma divisão de três etapas, o jogo possibilitou aos pacientes que eles aprendessem com feedbacks positivos e negativos a fazer escolhas que maximizassem recompensas e minimizassem penalidades.
Os resultados apontam que a dopamina é uma parte crucial do nosso aprendizado e do comportamento humano – e é envolvida, inclusive, no ensino de experiências de punição, não só de recompensa. Outro achado interessante é que parece haver vias independentes no cérebro, as quais têm a capacidade de ativar separadamente o sistema dopaminérgico em caso de experiências reforçadoras em contraponto com experiências punitivas.
Não apenas essa pesquisa rompe com algumas crenças sobre o neurotransmissor, como também nos indica a importância desses estudos para que compreendamos melhor os mecanismos por trás de transtornos psiquiátricos e neurológicos. Temos um longo caminho de pesquisas pela frente, mas já é um começo!
L. Paul Sands, Jiang, A., Liebenow, B., DiMarco, E., Laxton, A. W., Tatter, S. B., P. Read Montague, & Kishida, K. T. (2023). Subsecond fluctuations in extracellular dopamine encode reward and punishment prediction errors in humans. Science Advances, 9(48). https://doi.org/10.1126/sciadv.adi4927
Neuroscience News. (2023, December 1). Dopamine’s Role in Learning from Rewards and Penalties. Neuroscience News. https://neurosciencenews.com/dopamine-learning-reward-punishment-25301/
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Júlio Gonçalves
Psicólogo e Supervisor
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