Julio Gonçalves

Pesquisadores de Amsterdã conduziram um estudo para verificar se a terapia com corrida poderia ser tão útil quanto os antidepressivos no tratamento dos sintomas de depressão e ansiedade.

Para isso, os pesquisadores recrutaram mais de 100 pessoas para participar de um estudo que comparou os efeitos da corrida e dos antidepressivos na melhoria dos sintomas de depressão e ansiedade. 

Cada grupo seguiu regimes de 16 semanas, participando da terapia com corrida ou tomando um antidepressivo. Após 16 semanas, os pesquisadores descobriram que ambos os grupos tiveram melhorias semelhantes em seus sintomas.

Como era de se esperar, o grupo de corrida também apresentou melhorias na saúde física, enquanto os participantes que usaram antidepressivos experimentaram ligeira piora na saúde física.

Essas descobertas foram apresentadas no Congresso da ECNP em Barcelona, Espanha, e aparecem no Journal of Affective Disorders.

Os impactos na saúde mental e física tornam o tratamento da depressão de extrema importância. Muitos médicos prescrevem medicamentos de classes antidepressivas, como inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs), inibidores de recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSNs) e antidepressivos tricíclicos.

No entanto, o tratamento da depressão com medicamentos não é a única opção. Aumentar a atividade física pode ser benéfico ao aumentar as endorfinas, uma substância química que o corpo produz para melhorar o humor.

Contudo, a adesão a planos de tratamentos que não envolvem medicação ainda é problemática. No estudo citado,  82,2% das pessoas no grupo de antidepressivos aderiram ao protocolo de medicação, enquanto apenas 52,1% das pessoas no grupo de terapia com corrida completaram as sessões mínimas de exercício necessárias.

Este estudo mostrou a importância do exercício na população deprimida e ansiosa e a precaução do uso de antidepressivos em pacientes fisicamente não saudáveis”, escrevem os autores.

Um dos autores cita que “É decepcionante ver quantos desistiram da intervenção com exercícios. Seria bom saber por que, para que intervenções futuras pudessem ser modificadas para aumentar as chances de começar e manter com sucesso uma rotina de exercícios para melhorar o humor”.

Ainda é desafiador quebrar o tabu de que tratamentos com medicação são mais efetivos do que psicoterapia e outros métodos. Concordo que são efetivos, mas, em minha opinião, o problema reside nos impactos a longo prazo, como a dependência e a esquiva dos problemas.

Watts, E. (2023). Running therapy may be as beneficial for depression as antidepressants. Medical News Today. https://www.medicalnewstoday.com/articles/running-therapy-may-be-as-beneficial-for-depression-as-antidepressants