Julio Gonçalves

Michelle Huang, uma artista e cientista de Nova York, decidiu usar inteligência artificial (IA) para dialogar em tempo real com sua “criança interior”, usando seus diários de infância.  Por mais de uma década, ela dedicou-se a registrar diariamente seus sonhos, medos e segredos, proporcionando uma rica fonte de dados para essa experiência. 

Para dar início ao processo, a autora recorreu ao OpenAI GPT-3 Playground, uma ferramenta de IA. Dado o limite de conteúdo que poderia ser inserido, ela selecionou trechos de aproximadamente 40 entradas que abrangiam as idades de 7 a 18 anos, com um foco especial nas idades entre 10 e 14. Após alimentar o modelo com esses fragmentos de diário, as respostas obtidas pareciam estranhamente semelhantes à forma como a autora imaginava que teria respondido naquela fase de sua vida. Foi uma viagem de autodescoberta notável.

Em uma interação, a autora perguntou à sua criança interior se ela estava satisfeita com o ponto em que a autora havia chegado na vida, ou se estava desapontada. A resposta recebida da “Jovem Michelle” foi sincera e amável, repleta de orgulho pelas conquistas da autora e reconhecimento dos sacrifícios feitos. Suas palavras transmitiram bondade, empatia e um senso de autocrítica que a autora frequentemente esquecia. Foi uma troca “emocionalmente intensa, quase como se estivesse mantendo uma conversa em tempo real com seu eu do passado por meio de um chat digital”, relata a autora.

O momento mais significativo ocorreu quando a autora incentivou sua criança interior a escrever uma carta para o seu eu no presente. Suas palavras, “Tenho orgulho de você,” foram motivadoras.

Conversar com a “Jovem Michelle” lembrou à autora das partes de si mesma que permaneceram constantes ao longo dos anos, bem como das partes que ela havia esquecido ou enterrado. Era como segurar um espelho diante de uma versão inabalável, mais sincera de sua própria essência. 

Tecnologias podem ser uma ferramenta poderosa para a autorreflexão e o crescimento pessoal. A autora compartilhou um tutorial sobre como criar seu próprio chatbot da criança interior, na esperança de que outros possam embarcar em uma jornada semelhante.

Hueng, M. (2022). I fed ChatGPT my childhood journal entries to talk to my inner child. The results were very therapeutic. Insider. https://www.businessinsider.com/i-trained-ai-chatbot-on-my-journals-inner-child-2022-12

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