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Conteúdo escrito por Jennifer Craco
Você com certeza já comeu algo “com os olhos”, mesmo sem estar com muita fome. Há uma explicação: o nosso comportamento alimentar vai de fato muito além dos sinais de fome, e envolve também estímulos sensoriais, sinais internos e a conexão intestino-cérebro. Embalagens, anúncios e a aparência das comidas influenciam muitas de nossas decisões alimentares – mas, de acordo com esta reportagem, os sinais interoceptivos de nosso corpo desempenham um papel crucial.
Afinal, o que são sinais interoceptivos? Nada mais são do que sinais internos do nosso organismo, que nos avisam quando estamos com fome ou já saciados após comermos. Compreender e respeitar esses sinais interoceptivos pode promover uma alimentação mais consciente.
Uma parte muito importante dessa discussão é o nervo vago: ele conecta intestino e cérebro, comunica informações nutricionais rapidamente e induz estados de prazer. É ele que comunica rapidamente informações nutricionais ao cérebro. Mas ele não é o único relacionado ao comportamento alimentar – a sensação de fome e a detecção de nutrientes não se restringe ao estômago. Ela envolve também áreas do cérebro importantes para a regulação e homeostase, como o hipotálamo lateral, e áreas do cérebro envolvidas na aprendizagem e na memória, como o hipocampo.
Mas, como citamos acima, o nervo vago não apenas comunica informações nutricionais – ele também induz estados de prazer! A consciência interoceptiva é essencial para a regulação alimentar saudável, e quando o sujeito não a tem, ele está mais propenso a desenvolver transtornos alimentares. Por exemplo, a anorexia pode ocorrer quando os sinais interoceptivos, como a sensação de fome, são incapazes de desencadear a motivação para comer. Do mesmo modo, a incapacidade de usar a sensação de saciedade para amortecer as consequências gratificantes e prazerosas de comer alimentos saborosos pode resultar em compulsão alimentar. Por isso, é importante reiterar que os sinais interoceptivos por si só já são suficientes para moldar o nosso comportamento alimentar – e eles podem ser aprendidos.
Por fim, que tal se, em vez de se fixar em fatores externos e impor condições ao seu comportamento alimentar, você pudesse aproveitar o momento e saborear devagar e atentamente cada mordida de sua comida? Experimente dar tempo para que seus sinais interoceptivos funcionem, e ouça quando eles falarem com você. Nosso corpo dá pistas daquilo de que precisa!
Johnson, A. (2023, December 28). Eating with Your Eyes and Gut? How Your Brain Decides When to Eat. Neuroscience News. https://neurosciencenews.com/sensory-eating-25401/
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Júlio Gonçalves
Psicólogo e Supervisor
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