Julio Gonçalves

Aplicativos de mHealth para Depressão: desafios e direções

Conteúdo escrito por Júlio Gonçalves.

Na era digital, a saúde mental emerge como um campo importante para a inovação tecnológica, especialmente no tratamento da depressão (que possui prevalência elevadíssima no Brasil). Um dos avanços mais promissores é o desenvolvimento de aplicativos de saúde móvel (mHealth), projetados para oferecer suporte e intervenções para indivíduos enfrentando desafios de saúde mental (resguardados os cuidados éticos, é claro). Este texto explora os desafios e oportunidades apresentados por esses aplicativos, com base em insights de um texto publicado no Psychiatric Times.

A LACUNA NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE MENTAL

Nos Estados Unidos, estima-se que 21% dos adultos tenham experimentado um transtorno mental em um determinado ano, mas apenas uma fração desses indivíduos recebe tratamento adequado. A depressão, em particular, é uma das condições mais prevalentes, afetando milhões de adultos e adolescentes, muitos dos quais não recebem o tratamento necessário.

MHEALTH: UMA SOLUÇÃO EMERGENTE, MAS COM BARREIRAS

Os aplicativos de mHealth surgem como uma solução potencial para superar barreiras de acesso ao tratamento. Eles oferecem uma gama de funcionalidades, desde o monitoramento de sintomas até intervenções baseadas em terapias efetivas para o transtorno, como a Terapia Cognitivo Comportamental. A crescente disponibilidade desses aplicativos reflete uma expansão rápida da tecnologia no setor de saúde, prometendo tornar o cuidado com a saúde mental mais inclusivo e eficaz.

Apesar do potencial dos aplicativos de mHealth, existem desafios significativos a serem superados. A eficácia desses aplicativos pode variar amplamente, e a falta de regulamentação e padronização pode dificultar a identificação de soluções confiáveis.

Além disso, questões relacionadas à privacidade e segurança dos dados dos usuários permanecem como preocupações importantes. A adesão do usuário também é uma barreira, pois muitos podem se sentir hesitantes em confiar em uma plataforma digital para o manejo de condições de saúde mental.

SUPERANDO OS DESAFIOS

Para maximizar o potencial dos aplicativos de mHealth na depressão, é crucial abordar esses desafios proativamente. Isso inclui o desenvolvimento de padrões rigorosos para a avaliação da eficácia dos aplicativos, garantindo a proteção da privacidade e dos dados dos usuários, e educando tanto profissionais de saúde quanto pacientes sobre os benefícios e limitações dessas ferramentas digitais. Além disso, a personalização dos aplicativos para atender às necessidades individuais dos usuários pode melhorar a adesão e a experiência do usuário.

Além disso, é fundamental a realização de pesquisas que incorporem a percepção dos usuários nas fases iniciais (pré-produção) do desenvolvimento de aplicativos. Afinal, o produto final será destinado a eles.

CONCLUSÃO

Os aplicativos de mHealth representam uma fronteira promissora no tratamento da depressão, oferecendo novas possibilidades para superar as barreiras tradicionais de acesso ao atendimento.

À medida que avançamos, a colaboração entre desenvolvedores de tecnologia, profissionais de saúde mental e pacientes será fundamental para garantir que os aplicativos de mHealth atendam às necessidades complexas daqueles que buscam ajuda para a depressão.

Por ora, é essencial ser criterioso ao recomendar qualquer aplicativo aos seus pacientes. Antes de fazer isso, é importante verificar os estudos disponíveis sobre o assunto.

Robinson, S., & Kallmerten, J. (2023). mHealth Apps for Depression: Overcoming Challenges. Psychiatric Times. https://www.psychiatrictimes.com/view/mhealth-apps-for-depression-overcoming-challenges

Júlio Gonçalves

Psicólogo e Supervisor

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