Julio Gonçalves

Se a ansiedade está em meu cérebro, por que meu coração está batendo forte?

Conteúdo escrito por Jennifer Craco

Antigamente, algo que nos levava a sentir ansiedade ou medo podia muito bem ser um leão na selva ou alguma situação de extremo perigo – hoje, basta termos uma apresentação de trabalho ou um encontro no dia seguinte para nosso coração ficar na boca ou surgirem borboletas no nosso estômago. E, embora a ciência tradicionalmente veja o cérebro como o centro dessas emoções, elas são sentidas em todo o corpo. Mas por quê? Neste artigo, o psiquiatra e neurocientista Arash Javanbakht, autor do livro “Afraid”, explica como o medo e a ansiedade funcionam no cérebro e no corpo, destacando a execução das ordens cerebrais pelo corpo.

O estudo do medo e da ansiedade envolve a análise de áreas-chave do cérebro e a observação de como essas áreas se comunicam com o corpo. A amígdala, o hipocampo e o córtex pré-frontal são nossa tríade essencial para o processamento do medo. A amígdala tem o papel de detectar a relevância emocional (“será que esse estímulo é importante ou forte o suficiente para eu reagir?”) e decide a reação, enquanto o hipocampo contextualiza a ameaça (“o que, exatamente, está acontecendo?”) e o córtex pré-frontal regula as emoções e aprende com o ambiente social.

Quando o cérebro identifica uma ameaça, ele ativa uma resposta de luta ou fuga. Essa resposta envolve vias neuronais e hormonais que preparam o corpo para a ação: os sinais do cérebro aumentam a frequência cardíaca, a profundidade da respiração e desaceleram a digestão, tudo para que possamos correr ou entrar em uma briga. A percepção dessas mudanças corporais é retransmitida para o cérebro, onde a ínsula e o córtex pré-frontal processam essas sensações (o que pode aumentar a ansiedade, ao perceber que os próprios batimentos estão acelerados, por exemplo).

Por fim, fica mais claro que as emoções de medo e ansiedade têm origens no cérebro, mas são sentidas no corpo todo, de maneiras diferentes, devido à alteração das funções corporais pelo cérebro. Compreender essa conexão pode ajudar na gestão da ansiedade, ao reconhecer que as sensações físicas são respostas naturais do corpo às ordens do nosso cérebro.

Javanbakht, A. (2023, September 5). If anxiety is in my brain, why is my heart pounding? A psychiatrist explains the neuroscience and physiology of fear. The Conversation. https://theconversation.com/if-anxiety-is-in-my-brain-why-is-my-heart-pounding-a-psychiatrist-explains-the-neuroscience-and-physiology-of-fear-210871

Júlio Gonçalves

Psicólogo e Supervisor

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