Há algo na Psicologia que é de conhecimento geral entre os profissionais da área: as coisas que nos acontecem na infância influenciam muito a nossa vida após isso. A Universidade de Harvard, então, sintetizou alguns achados importantes sobre esse aspecto, conforme veremos abaixo.

1. Experiências na infância influenciam no desenvolvimento do cérebro

O nosso cérebro experimenta seu desenvolvimento mais rápido no período entre o pré-natal e os primeiros anos de vida – e nesse meio-tempo ele está mais aberto a influências e experiências externas, sejam elas boas, sejam elas ruins. Adversidades extremas e crônicas (como negligência) podem até mesmo interromper o desenvolvimento normal do nosso cérebro nessa etapa de vida!

2. Estresse crônico pode ser tóxico para o desenvolvimento cerebral

Todos precisamos aprender a lidar com adversidades na nossa vida. Em famílias afetivas e que dão suporte à criança, é normal que ela passe por problemas em seu dia a dia e consiga lidar com o estresse advindo deles, pois o apoio dos familiares faz com que ela possa, após o evento adverso, retornar ao seu nível basal de resposta de estresse. Chamamos isso de estresse positivo. Mas quando não há esse suporte e experiências adversas se tornam fortes, frequentes e prolongadas, o estresse se torna tóxico em nosso cérebro. 

3. Adversidades significativas na infância podem levar a problemas que duram uma vida toda

Pobreza, abuso, negligência, exposição à violência e ao uso de drogas e transtornos mentais na família… quanto mais experiências adversas e estressantes na infância, maior a chance da criança desenvolver atrasos comportamentais e outros problemas. Isso inclui, até mesmo, diabetes, problemas cardíacos, depressão e dificuldades com o uso de substâncias.

4. Intervenção precoce pode prevenir as consequências das adversidades na infância

Intervenções depois de muito tempo têm menos chances de sucesso e, às vezes, podem até ser ineficazes. Não há uma idade certa para intervir; mas chegou-se à conclusão de que, quanto antes, melhor. 

5. Relações estáveis e carinhosas são essenciais para o desenvolvimento saudável

Crescemos em meio a relacionamentos múltiplos. Eles começam em casa, na nossa família nuclear, e se estendem aos outros membros da família, professores, membros da comunidade e pares… e quanto mais inseguros somos quanto a esses relacionamentos, maior nossa resposta de estresse a eventos adversos. Já é muito discutido, mas é sempre bom lembrar – relacionamentos responsivos e que dão suporte às crianças podem prevenir ou até mesmo reverter efeitos danosos do estresse tóxico!

Por fim, temos que lembrar que todos os ambientes pelos quais a criança transita (como a família, o colégio e outras instituições importantes) têm um impacto enorme em seu desenvolvimento emocional, social e cognitivo. Políticas públicas que enfocam a proteção infantil, a segurança alimentar e financeira das famílias e a promoção de saúde mental e de educação para adultos e crianças ajudam (e muito) a promover esses espaços seguros, dos quais as nossas crianças tanto necessitam.