EXPRESSÕES FACIAIS FORTALECEM LAÇOS SOCIAIS

A forma como nos comunicamos vai muito além da linguagem verbal. A linguagem corporal e facial que expressamos enquanto nos comunicamos contribui significativamente para a maneira como interagimos socialmente, impactando a forma como os outros nos veem e na construção de relacionamentos.

Um projeto interdisciplinar chamado “Diferenças Individuais na Expressividade Facial: Função Social, Anatomia Facial e Origem Evolucionária (FACEDIFF)”, financiado pelo European Research Council, apresentou um trabalho da drª Eithne Kavanagh e colaboradores contendo duas pesquisas que analisaram as expressões faciais em mais de 1500 conversas, cujos resultados sugerem que os indivíduos mais expressivos costumam ser mais apreciados e melhores em atingir objetivos sociais, e que expressões faciais complexas nos ajudam a construir laços sociais mais fortes.

PESQUISA

Estudo 1

Cinquenta e dois participantes foram gravados em videochamadas semiestruturadas em três etapas. A primeira incluía conversas projetadas em diversos contextos cotidianos envolvendo comportamentos como escuta, humor, constrangimento e conflito. Posteriormente, eles eram desafiados a manter o rosto parado enquanto seu parceiro tentava fazê-lo se mover. Por fim, foram solicitados a gravar pequenos vídeos tentando atingir objetivos sociais como parecer amigável, ameaçador e discordar sem parecer aborrecido.

Cento e setenta e seis participantes independentes avaliaram o quão “legíveis” e simpáticos os participantes eram, e os índices de expressividade facial foram extraídos usando análise automatizada do Esquema de Codificação de Ações Faciais (FACS).

Estudo 2

A fim de testar as descobertas deste estudo em uma escala maior, os pesquisadores utilizaram a FACS para analisar 1.315 conversas aleatórias contidas em dados já existentes, onde os parceiros de conversa classificaram o quanto gostavam um do outro.

RESULTADOS

Os indivíduos mais expressivos facialmente foram avaliados como mais agradáveis e simpáticos tanto para seus parceiros de conversa como para observadores externos. Eles eram mais fáceis de ler e mais capazes de adaptar sua expressão facial a fim de atingir objetivos sociais.

As descobertas indicam que a expressividade facial é uma diferença individual adaptativa capaz de oferecer vantagens sociais e está associada à extroversão e ao neuroticismo.

CONCLUSÃO

Ser expressivo facialmente é socialmente vantajoso. Expressões faciais complexas são associadas a pessoas mais simpáticas, queridas, agradáveis, bem-sucedidas em negociações e com facilidade em relacionamentos.

Essa descoberta nos permite ver como essa diferença evolutiva desenvolveu uma função afiliativa e adaptativa para criar laços sociais mais fortes, diferente de outras espécies.