Conteúdo escrito por Júlio Gonçalves
Você está dirigindo para o trabalho e, de repente, lembra que esqueceu de responder a um e-mail importante na noite anterior. Enquanto seu cérebro processa essa informação, você começa a se preocupar com a reação do destinatário ao não receber uma resposta. E se eles pensarem que você é desorganizado? E se isso prejudicar sua reputação no trabalho?
Antes que perceba, sua mente pula para outro pensamento: você começa a se lembrar de um erro que cometeu em uma apresentação na semana passada. A ansiedade cresce ao considerar que talvez sua carreira esteja comprometida por pequenos deslizes. Agora, a mente se move para outro tópico, pensando se seus amigos gostam realmente de você ou se só estão sendo gentis por educação.
Em questão de minutos, sua mente foi de uma preocupação pequena para uma série de cenários catastróficos, cada pensamento alimentando o próximo. Uma avalanche de preocupações que leva a uma tempestade de dúvidas e ansiedades.
Quem se identifica com isso, coloca o dedo aqui que o abacaxi já vai fechar! Haha.
O hábito de pensar demais, também conhecido como overthinking, é uma prática comum que muitas vezes se relaciona a diversos transtornos mentais. Com a constante pressão da vida moderna e a enxurrada de informações que recebemos diariamente, é fácil cair na armadilha do excesso de pensamentos, que nos leva à ruminação e preocupação.
Mas por que isso acontece e como podemos controlá-lo para evitar consequências negativas? Ah, sobre “controlar pensamentos” ou supressão de pensamentos, já falamos detalhadamente aqui.
A prática de pensar demais pode estar ligada a vários fatores, como estresse, ansiedade e experiências passadas. Estudos mostram que, quando a mente fica sobrecarregada com pensamentos, ela tende a se concentrar em aspectos negativos, aumentando a sensação de estresse e ansiedade.
Para controlar o pensamento excessivo, é útil aplicar algumas práticas no dia a dia:
- Aceitar seu passado e medos: Muitas vezes, pensar demais está ligado a medos e arrependimentos do passado. Ao aceitar suas falhas e imperfeições (ou processar isso em psicoterapia) você pode começar a se concentrar mais no presente e a deixar de lado o que já passou.
- Escrever sobre os problemas: Uma maneira eficaz de processar pensamentos excessivos é escrever sobre eles. Ao colocar suas preocupações no papel, você pode começar a entender os padrões de pensamento que o preocupam e identificar gatilhos. A escrita também pode ser uma forma de desabafar sem julgamento, permitindo que você explore suas emoções em um ambiente seguro e privado.
- Inoculação do estresse: Técnicas como meditação, exercícios físicos e terapias de relaxamento podem ajudar a liberar a tensão acumulada no corpo e na mente. Uma prática simples é meditar antes de dormir e avaliar as coisas boas que aconteceram durante o dia.
- Terapia de espelho: A terapia de espelho envolve olhar para si no espelho e afirmar sua autoestima e autoconfiança, comentando sobre suas conquistas e aspectos positivos. Com o tempo, isso pode ajudar a reduzir a dúvida e a insegurança, duas consequências comuns do pensamento excessivo.
Essas intervenções são, de fato, generalistas. Se houver a identificação de um transtorno subjacente por trás do fluxo contínuo de pensamentos, é fundamental desenvolver um plano de tratamento específico para esse diagnóstico. Por exemplo, no caso do Transtorno de Ansiedade Generalizada, estratégias como reestruturação cognitiva, adiamento da preocupação, resolução de problemas e regulação emocional têm suporte empírico e devem ser priorizadas.
Para resumir, controlar o pensamento excessivo envolve aceitar o passado, liberar o estresse e adotar práticas que favoreçam o foco no presente. Essas ações podem ser incorporadas ao dia a dia para melhorar a saúde mental e o bem-estar geral.
Júlio Gonçalves
Psicólogo e Supervisor
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