Julio Gonçalves

Conteúdo escrito por Jennifer Craco

Aaron Beck foi um terapeuta que, na década de 60, começou a realizar pesquisas sobre a eficácia da psicanálise para pacientes deprimidos. O próprio Beck era psicanalista – e, quando os dados obtidos foram de encontro aos pressupostos psicanalíticos, ele tentou entender os porquês. Voilà: assim surgiu a Terapia Cognitivo-Comportamental, que há 60 anos vem crescendo exponencialmente ao redor de todo o mundo. Mas qual é o contexto atual da TCC após mais de seis décadas?

Este artigo aborda justamente as inovações da Terapia atualmente. Podemos começar pela Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R), que visa fortalecer crenças positivas e estratégias de enfrentamento adaptativas em pacientes graves (em especial aqueles que foram institucionalizados por um longo tempo). Além disso, enfoca-se muito mais os valores centrais do paciente. É um contraponto à TCC tradicional pois esta última acaba muitas vezes focando na redução de sintomas de psicopatologias dos pacientes, o que inclui passar mais tempo modificando cognições disfuncionais e crenças negativas que o sujeito tem sobre si mesmo ou sobre o mundo. E, como resultado da influência do CT-R, a TCC tradicional está cada vez se tornando mais baseada em pontos fortes e em valores.

Ademais, tem-se estudado formas de levar o acesso à psicoterapia para indivíduos que não conseguem acessar facilmente a TCC de forma tradicional (por serem pessoas em vulnerabilidade social, por conta de não haver profissionais capacitados, por causa do estigma da saúde mental…). Um exemplo é o Programa Pensar Saudável, que ocorre na Índia e no Paquistão: nele, mães são ensinadas a intervir em casos de depressão perinatal. 

Também têm sido feito esforços para levar a TCC para indivíduos vulneráveis, seja lá onde estejam. Nos Estados Unidos, intervenções de TCC são realizadas por meio de igrejas, centros comunitários, programas para pessoas encarceradas, escolas públicas, etc.

Lendo isso, é de se imaginar que a TCC venha integrando muito mais do que só ambientes diversos para suas intervenções. De fato, profissionais atuais nessa linha teórica integram técnicas de diferentes abordagens, de acordo com a necessidade de seus pacientes e, claro, sobre os alicerces teóricos sólidos da terapia cognitiva. Tudo isso advém de uma noção de que deve-se fazer pelo paciente aquilo que é melhor para seu caso – e, em tese, deveria levar profissionais de todas as abordagens a um senso cooperativo que envolve prestar o melhor serviço àqueles que dele precisam. 

Por fim, o futuro da TCC ainda é incerto, mas já temos alguns palpites: um aumento da participação da tecnologia nas intervenções, como o uso cada vez mais frequente de videochamadas para as sessões de terapia; e, quem sabe, o surgimento de ferramentas de inteligência artificial capazes de atuar em prol dos pressupostos da TCC. Enquanto o futuro não chega, como você imagina que a TCC se desenvolverá nos próximos anos?

Beck, J. (2023, October 10). CBT in 2023: Current Trends in Cognitive Behavior Therapy. Psychiatric Times. https://www.psychiatrictimes.com/view/cbt-in-2023-current-trends-in-cognitive-behavior-therapy