As funções executivas e as habilidades de autorregulação são processos mentais que nos capacitam a planejar, concentrar a atenção, lembrar instruções e realizar múltiplas tarefas com sucesso.
Assim como um sistema de controle de tráfego aéreo em um aeroporto movimentado gerencia com segurança as chegadas e partidas de muitas aeronaves em diversas pistas, o cérebro necessita desse conjunto de habilidades para filtrar distrações, priorizar tarefas, definir e atingir metas, além de controlar impulsos.
Quando as crianças têm oportunidades de desenvolver funções executivas e habilidades de autorregulação, tanto os indivíduos quanto a sociedade experimentam benefícios ao longo da vida. Essas habilidades são cruciais para o aprendizado e o desenvolvimento, possibilitando comportamentos positivos e escolhas saudáveis para nós e nossas famílias.
A função executiva e as habilidades de autorregulação dependem de três tipos de função cerebral:
- memória de trabalho
- flexibilidade cognitiva
- autocontrole
Essas funções estão altamente inter-relacionadas, e a aplicação bem-sucedida das habilidades de funções executivas exige coordenação entre elas, já que cada tipo baseia-se em elementos dos outros.
A memória de trabalho governa nossa capacidade de reter e manipular informações distintas em curtos períodos. A flexibilidade cognitiva ajuda-nos a manter ou desviar a atenção em resposta a diferentes exigências, ou a aplicar regras diferentes em ambientes diversos. O autocontrole nos permite definir prioridades e resistir a ações ou respostas impulsivas.
As crianças não nascem com essas habilidades; nascem com o potencial para desenvolvê-las. Algumas crianças podem precisar de mais apoio do que outras para desenvolver essas competências.
Em outras situações, se as crianças não obtiverem o que necessitam de suas relações com adultos e das condições de seus ambientes – ou, pior, se essas influências forem fontes de estresse tóxico –, o desenvolvimento de competências pode ser seriamente atrasado ou prejudicado.
Ambientes adversos resultantes de negligência, abuso e/ou violência podem expor as crianças ao estresse tóxico, perturbando a arquitetura cerebral e prejudicando o desenvolvimento da função executiva.
Muitos estudos indicam que, além da estimulação das funções executivas no ambiente terapêutico, é crucial aplicá-las, principalmente, em situações cotidianas, como a hora de dormir e as refeições. Essas intervenções ecológicas fortalecem as competências de funções executivas em adultos e crianças, proporcionando, ao mesmo tempo, maior previsibilidade na vida das crianças pequenas.
Com isso em mente, o Center on the Developing Child at Harvard University desenvolveu guias que descrevem uma variedade de atividades e jogos que representam formas adequadas à idade para os adultos apoiarem e fortalecerem vários componentes da funções executivas.
Cada guia contém atividades adequadas para diferentes faixas etárias, desde bebês até adultos.
- Aprimorando e praticando habilidades de funções executivas com crianças desde a infância até a adolescência: acesse aqui.
- Desenvolvendo as habilidades essenciais que os jovens precisam para a vida: acesse aqui.
- Desenvolvendo as habilidades que os adultos precisam para a vida: acesse aqui.
Center on the Developing Child at Harvard University (2014). Enhancing and Practicing Executive Function Skills with Children from Infancy to Adolescence. www.developingchild.harvard.edu.
Júlio Gonçalves
Psicólogo e Supervisor
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