Julio Gonçalves

Será que entendemos o cérebro equivocadamente até hoje? 

Um novo estudo, publicado na Nature, desafia a nossa visão antiga de que o que realmente importa no cérebro humano são seus trilhões de conexões, e sugere que a nossa atividade neuronal é mais influenciada pela forma do cérebro  com seus sulcos, contornos e dobras.

O argumento dos cientistas é que existem padrões estruturados de atividade em todo o cérebro, semelhantes a como uma nota musical surge de vibrações ao longo de uma corda de violino. 

Esses padrões, chamados de “modos próprios”, são excitados na mesma frequência em diferentes regiões do cérebro. Nesse caso, a forma do cérebro desempenha um papel significativo nesses padrões! 

Ao contrário da noção de regiões cerebrais discretas, ou seja, cada uma especializada em uma função específica, como visão ou fala, o estudo propõe que a atividade cerebral é dominada por padrões ondulatórios de excitação que se propagam continuamente por todo o tecido cerebral.

As descobertas recentes indicam que os modelos atuais de função cerebral devem incorporar a influência da forma do cérebro e explorar como as ondas de excitação viajam pelo cérebro – o que vai muito além das conexões em si. 

Essa abordagem oferece uma nova perspectiva para o mapeamento cerebral e a compreensão da função cerebral em vários contextos, como evolução, desenvolvimento, envelhecimento e doenças.

Pang, J. C, Aquino, K. M, Oldehinkel, M. et al. (2023). Geometric constraints on human brain function. Nature. https://doi.org/10.1038/s41586-023-06098-1

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