Você provavelmente já ouviu falar de Homer Simpson, o icônico personagem amarelo da famosa série de animação “Os Simpsons”.
Jeito descontraído, amor por donuts e baita habilidade para se meter em encrenca, mas, por trás de sua aparência caricatural e engraçada, existe um personagem que nos permite explorar alguns aspectos psicopatológicos.
A seguir, vou tentar descrever suas características cognitivas, emocionais, fisiológicas e comportamentais, bem como os fatores que desencadeiam e mantêm seu comportamento, numa perspectiva do uso de substâncias psicoativas: a “cervejinha diária” do Homer.
Inicialmente, vamos a uma narrativa introdutória para auxiliar o raciocínio clínico:
Homer Simpson, residente da animada cidade de Springfield, é um trabalhador na Usina Nuclear local. Seu amor por donuts é inegável, e seu apetite insaciável é uma fonte constante de piadas e situações cômicas. No entanto, por trás dessa paixão aparentemente inocente, começam a surgir comportamentos preocupantes.
Nos últimos tempos, familiares, amigos e colegas de trabalho têm notado mudanças no comportamento de Homer. Ele parece mais distraído, tem dificuldade em se concentrar e frequentemente esquece compromissos importantes. Sua família nota suas alterações de humor frequentes, oscilando entre momentos de irritabilidade e tristeza. Além disso, sua fadiga constante e alterações no apetite e padrão de sono têm levantado preocupações.
O uso de substâncias surge como um fator significativo nessa história. Homer parece recorrer a álcool e talvez até mesmo a drogas ilícitas para lidar com suas dificuldades e enfrentar o estresse do dia a dia.
Como sempre digo, a Formulação de Caso (FC) é a ferramenta de base para entendermos como seu funcionamento atual afeta sua vida na totalidade.
A principal parte da FC é o funcionamento atual do Homer, que podemos hipotetizar assim:
Funcionamento atual organizado, agora é preciso definir as demandas com base na teoria escolhida, nesse caso, a Terapia Cognitivo Comportamental.
Vale frisar que aqui poderia ser outro modelo, como Análise do Comportamento, Terapia Comportamental Dialética, Terapia de Aceitação e Compromisso, etc. Todos modelos (todos!) tem a Formulação de Caso como base de investigação e organização do tratamento.
Um aspecto super relevante na FC negligenciado pela maioria dos psicoterapeutas: as causas e predisponentes no desenvolvimento do paciente!
Por fim, a parte que eu acho mais chatinha e na maioria das vezes complexa: definição de metas psicoterápicas.
Aqui é que todo raciocínio clínico tem que fazer sentido, pois as intervenções devem priorizar os problemas que causam/mantêm o sofrimento em maior intensidade e, no caso do Homer, possibilita maior risco de recaída.
Lembrando que essas metas devem ser adaptadas às necessidades e circunstâncias específicas de cada indivíduo e sempre organizadas e validadas colaborativamente com o paciente!
Pronto, aí está o guia do tratamento! No caso do Homer, há muito o que fazer no nível de intervenção, como: psicoeducação do modelo que vai ser trabalhado, como o modelo entende o uso de substâncias, manejo emocional e da abstinência, reconstrução de relacionamentos interpessoais saudáveis, reestruturação do estilo de vida, construção de uma rede de apoio, etc.
Mas isso é outra história, ou melhor, outro post.
Nicoletti, E. A., Donadon, M. F. & Portela, C. (2022). Guia prático de Formulação de Caso em Terapia Cognitivo Comportamental. Porto Alegre: Sinopsys.
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