
Escrito por Júlio Gonçalves
Introdução
Os relacionamentos afetivos são uma parte essencial da vida humana e impactam diretamente a saúde mental e o bem-estar. Mas como medir a qualidade desses relacionamentos de maneira objetiva? A Escala de Ajustamento Diádico (DAS), desenvolvida por Spanier em 1976 e validada em diversas culturas, surge como um dos principais instrumentos para essa avaliação. Este artigo explora a relevância dessa escala para a pesquisa e a prática clínica.
O que é a Escala de Ajustamento Diádico?
A DAS é um instrumento psicométrico que mede a qualidade da relação conjugal ou de um relacionamento amoroso por meio de diferentes dimensões do ajustamento entre os parceiros. Seu objetivo é identificar fatores que promovem ou dificultam a harmonia no relacionamento, ajudando na compreensão dos desafios enfrentados pelos casais.
A versão validada para o português por Gomez e Leal (2008) manteve a estrutura original e é amplamente utilizada tanto em pesquisas acadêmicas quanto em atendimentos clínicos.
Estrutura e Dimensões da DAS
A escala contém 32 itens divididos em quatro dimensões fundamentais:
- Consenso Diádico: Avalia o grau de concordância do casal em questões como finanças, lazer, amigos, filosofia de vida e tomada de decisões.
- Satisfação Diádica: Mede o nível de felicidade no relacionamento, incluindo a frequência de discussões, pensamentos sobre separação e confiança no parceiro.
- Coesão Diádica: Observa o grau de envolvimento emocional e a realização de atividades conjuntas, como lazer, troca de ideias e trabalho em equipe.
- Expressão Diádica de Afeto: Examina a demonstração de afeto entre os parceiros, como beijos, relações sexuais e carinho.
A pontuação final da escala varia entre 0 e 151, sendo que escores abaixo de 101 indicam um relacionamento com dificuldades, enquanto pontuações acima desse valor sugerem um relacionamento ajustado.
Aplicações Práticas
A Escala de Ajustamento Diádico é amplamente utilizada para diversos fins:
- Pesquisas sobre Relacionamentos: Estudos acadêmicos aplicam a DAS para analisar padrões de satisfação conjugal e fatores de risco para separações.
- Intervenções Clínicas: Psicólogos e terapeutas utilizam a escala para avaliar casais e traçar estratégias de intervenção.
- Aconselhamento Pré-Matrimonial: Profissionais podem empregar a DAS para ajudar casais a entenderem suas dinâmicas antes do casamento.
Limitações e Considerações
Embora seja um instrumento consolidado, a DAS apresenta algumas limitações. Seu formato de autoavaliação pode ser influenciado pela subjetividade dos respondentes, e as diferenças culturais podem impactar a forma como os itens são interpretados. Além disso, a escala não capta nuances de relacionamentos não convencionais, como relações poliamorosas ou de coabitação sem vínculo conjugal formal.
Conclusão
A Escala de Ajustamento Diádico é um recurso valioso para compreender e quantificar a qualidade dos relacionamentos amorosos. Seja no contexto clínico ou acadêmico, sua aplicação possibilita reflexões importantes sobre os desafios e fortalezas das relações afetivas. Se você deseja avaliar seu relacionamento ou utilizar essa escala em sua prática profissional, é essencial considerar não apenas os resultados numéricos, mas também o contexto emocional e individual de cada casal.
Spanier, G. B. (1976). Measuring dyadic adjustment: New scales for assessing the quality of marriage and similar dyads. Journal of Marriage and the Family, 38(1), 15-28. https://doi.org/10.2307/350547
Gomez, P., & Leal, I. (2008). Escala de ajustamento diádico (DAS): Adaptação e validação para a população portuguesa. Psicologia, Saúde & Doenças, 9(1), 45-54.

Júlio Gonçalves
Psicólogo e Supervisor
Quer fazer ciência na psicologia? Compartilhe, comente, critique e indique estudos para construirmos uma psicologia cada vez mais sólida e confiável. Vamos avançar juntos!
COMPARTILHE
Leia Mais
-
Escala de Ajustamento Diádico
-
Como o cérebro codifica o tempo e as experiências
-
Déficits de atenção em adolescentes sinalizam maior risco de uso de substâncias
-
Por que nossos cérebros preferem recompensas em vez de hábitos?
-
A fadiga mental desencadeia mecanismos cerebrais compensatórios
-
Mecânica da respiração e a ansiedade
-
Passos para a Exposição Imaginada
-
Treinamento de resistência cerebral combate declínio relacionado à idade
-
A ideia de "lutar ou fugir" ignora a beleza do que o cérebro realmente faz
-
Suas preferências de filmes podem revelar como seu cérebro processa emoções
-
O que é TEPT complexo e como ele se relaciona com o transtorno de personalidade borderline?
-
Diagnóstico Diferencial entre TDAH e TPB