Déficits de atenção em adolescentes sinalizam maior risco de uso de substâncias

INTRODUÇÃO
Uma nova pesquisa, que analisou dados de imagens cerebrais de mais de 1.000 participantes, descobriu que a atenção reduzida aos 14 anos está associada a um aumento no uso de substâncias aos 23 anos.

DESENVOLVIMENTO
A atenção sustentada é a capacidade de manter o foco em uma tarefa ao longo do tempo, sendo uma habilidade cognitiva fundamental. O uso de substâncias, particularmente cigarros e cannabis, já foi associado a déficits nessa capacidade. No entanto, não estava claro se a dificuldade em manter a atenção sustentada precedia o uso de substâncias ou era uma consequência dele.

Já discutimos a relação entre o uso de cannabis e transtornos de ansiedade aqui.

O estudo, conduzido por pesquisadores da Escola de Psicologia e da Escola de Medicina da Trinity, sugere que a atenção sustentada e a atividade cerebral associada podem servir como biomarcadores precoces de vulnerabilidade ao uso de substâncias.

Foram utilizadas análises de correlação e um modelo de pontuação de mudança latente para estimar a relação entre o uso de substâncias e os comportamentos e a atividade cerebral associados à atenção sustentada.

Os resultados indicam que déficits no comportamento e na conectividade cerebral relacionados à atenção sustentada aos 14 anos previram um aumento significativo no consumo de cannabis e cigarros dos 14 aos 23 anos. Além disso, as descobertas destacam a estabilidade da rede cerebral envolvida na atenção sustentada ao longo do tempo, tornando essa função cognitiva um biomarcador potencialmente útil para identificar vulnerabilidade ao uso de substâncias.

APLICAÇÕES PRÁTICAS
Robert Whelan, professor de psicologia que liderou a equipe de pesquisa, explicou:

“O uso generalizado de cigarros e cannabis entre adolescentes e jovens adultos, tanto na Irlanda quanto em outros países, é uma preocupação significativa de saúde pública, com grandes implicações a longo prazo.”

Ele acrescenta que, ao identificar a baixa atenção sustentada como um preditor do uso de substâncias, as descobertas podem orientar o desenvolvimento de programas educacionais direcionados e intervenções de treinamento cognitivo para adolescentes identificados como vulneráveis ao uso de substâncias.

Essa abordagem proativa pode reduzir os riscos de abuso de substâncias, melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e diminuir os impactos sociais e econômicos relacionados ao vício.