Julio Gonçalves

4 perguntas sobre Burnout

Conteúdo escrito por Jennifer Craco

Muito tem se falado sobre o burnout nos últimos anos, mas será que você realmente sabe do que se trata essa síndrome que acomete tantos trabalhadores? O Dr. Manish Sapra, psiquiatra e diretor executivo da Northwell Health Behavioral Health Service Line responde a quatro perguntas importantíssimas sobre o tema neste vídeo do Psychiatric Times – e nós traduzimos e trouxemos para você os pontos mais relevantes dessa conversa!

1 – O que é o burnout?

No inglês, burnout significa algo como “queimar para fora” – por isso faz sentido a definição de Sapra, que descreve o burnout como uma perda da nossa “chama interna” com relação ao nosso trabalho, ou mesmo na faculdade e em outros ambientes. Não é como uma depressão, apesar de algumas vezes essa ser uma comorbidade comum, especialmente em casos mais graves. O que realmente define o burnout são os sentimentos de exaustão emocional, despersonalização e ineficiência no trabalho (ou baixa realização profissional). Costuma estar relacionado, logicamente, a problemas profissionais – mas, também, a problemas familiares, psicológicos, e até ao uso de substâncias. 

2 – Quais são algumas causas que levam ao burnout?

Como acontece com tudo no que diz respeito à saúde mental, o burnout também é multifatorial. Porém, tem muito a ver com a carga de trabalho e o estresse advindo disso, seja o trabalho em questão mais físico ou de uma carga mais cognitiva, seja ele com alta carga emocional (como é nosso caso enquanto psicólogos). Também pode haver um sentimento de perda de controle no ambiente laboral, bem como perda de autonomia. Parece fazer sentido falarmos de um “desequilíbrio” entre aquilo que o trabalhador oferece e as recompensas ganhas em troca. Além disso, pode-se mencionar também o isolamento e a divergência de valores entre o trabalhador e a organização (ou área de atuação).

3 – O que as organizações podem fazer para aumentar o bem-estar?

Primeiramente: estudar o problema! Compreender a síndrome, os sintomas, em que áreas da empresa está havendo uma maior insatisfação e, sobretudo, entender o que traz satisfação aos funcionários – tudo isso é essencial para contribuir para o bem-estar. Esse entendimento também ajuda na diminuição de estigmas quando um funcionário adoece, o que pode auxiliar em sua melhora e na identificação de outros colegas que talvez estejam passando pela mesma problemática. Ademais, há formas de incorporar mindfulness nas organizações, o que também pode ajudar nessa questão. Por fim, Sapra ainda fala sobre a importância de remover barreiras que por vezes impedem o trabalhador de buscar ajuda: não ter tempo para cuidados com a saúde e bem-estar e não saber sequer onde buscar esses cuidados são apenas dois exemplos de barreiras possíveis que devem ser ultrapassadas o quanto antes. 

4 – O que clínicos podem fazer para prevenir o burnout?

Dar uma pausa e descansar um pouco é necessário! Reconectar-se com as coisas que você realmente ama fazer (ou descobrir novos hobbies) também é muito importante, como voltar a praticar aquele esporte que você adorava, ou pintar algum quadro. Manish ainda aconselha que não nos levemos tão a sério e que possamos transformar esses momentos de descanso e divertimento em algo que faça parte de nossa rotina, e que não seja apenas esporádico. Ele menciona novamente a importância de mindfulness, mas não apenas isso: questionar-se sobre o porquê de estar seguindo essa carreira é também uma boa forma de reavaliar nossas escolhas e nossos valores. Às vezes sequer percebemos como nossa mente e nossos valores evoluíram ao longo dos últimos meses ou anos, e talvez algumas coisas na nossa atual rota profissional não façam mais sentido – e tudo bem. Pergunte-se: por que realmente estou aqui? O que quero fazer a seguir? 

Finalmente, converse com seus colegas de profissão. Tire um tempinho para perguntar-lhes se estão bem e para avaliar se não estão eles próprios passando por uma situação difícil ou até mesmo sintomas de burnout. Uma rede de apoio, nessas horas, é imprescindível. 

Sapra, M. (2024, January 31). 4 Questions About Burnout. Psychiatric Times.https://www.psychiatrictimes.com/view/4-questions-about-burnout

Júlio Gonçalves

Psicólogo e Supervisor

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