Julio Gonçalves

Vieses Cognitivos: parte 5

Conteúdo escrito por Jennifer Craco

Ufa! Essa foi uma maratona de vieses cognitivos e esperamos que você tenha conseguido nos acompanhar até o final. Senão, clica a seguir para acessar os textos da parte 1, parte 2, parte 3parte 4. Lembramos que esta série é inspirada por este resumão aqui. 

“Ok, acompanhei toda a série – mas como eu vou conseguir me lembrar de tudo?”

Calma, não precisa. Mas podemos te ajudar com um resumo de uma linha de cada um dos tópicos que destrinchamos nos outros posts: 

O excesso de informação é estressante, então fazemos uma filtragem mais radical. O ruído que experienciamos se transforma em um sinal.

A falta de sentido é desorientadora, então preenchemos as lacunas. Esse sinal se transforma em uma narrativa.

Precisamos agir rapidamente para não perder a oportunidade, então tiramos conclusões precipitadas. As narrativas viram decisões.

Ainda não sabemos o que devemos guardar, então tentamos lembrar as partes mais relevantes. Nossas decisões, por fim, moldam nossos modelos mentais do mundo.

Para evitar sermos sobrecarregados pela quantidade de informações, nossos cérebros precisam filtrar e selecionar rapidamente uma quantidade gigantesca de dados e decidir, quase sem esforço, quais são as poucas coisas que realmente importam nesse fluxo de informações.

Depois, para construir significado a partir dos fragmentos de informações que chegam à nossa consciência, precisamos preencher as lacunas e integrar tudo aos nossos modelos mentais já existentes. Enquanto isso, também precisamos garantir que tudo permaneça relativamente estável e o mais preciso possível.

Além disso tudo, ainda precisamos ser rápidos. Para isso, nossos cérebros precisam tomar decisões imediatas que podem influenciar nossas chances de sobrevivência, segurança ou sucesso, e confiar que seremos capazes de fazer as coisas acontecerem.

E, por fim, para continuar realizando tudo isso de maneira eficaz, nossos cérebros precisam lembrar os elementos mais importantes e úteis de novas informações e repassá-los para outros sistemas, para que possam se adaptar e melhorar ao longo do tempo, mas nada além disso.

Parece complicado, não é? E é, mesmo. Nosso cérebro é uma máquina muito complexa. E essas simplificações (que estão aqui para nos ajudar) acabam, às vezes, gerando uma série de problemas:

Não percebemos tudo. Algumas das informações que filtramos são, na verdade, valiosas e relevantes;

Nossa busca por significado pode criar ilusões. Às vezes, imaginamos detalhes que são preenchidos por nossas suposições, criando narrativas que não são reais;

Decisões rápidas podem ser seriamente falhas. Algumas reações e decisões rápidas que tomamos são injustas, egoístas e contraproducentes;

Nossa memória reforça erros. Parte das coisas que lembramos apenas aumenta os vieses em nossos sistemas, tornando-os ainda mais prejudiciais para nossos processos de pensamento.

Ao manter em mente os quatro problemas do mundo e as quatro consequências das estratégias do cérebro para solucioná-los, a heurística de disponibilidade (e, mais especificamente, o fenômeno Baader-Meinhof) garantirá que notemos nossos próprios vieses com maior frequência. Se você revisitar esta página de tempos em tempos para refrescar sua memória, o efeito de espaçamento ajudará a reforçar alguns desses padrões de pensamento, mantendo o viés do ponto cego e o realismo ingênuo sob controle. Caso não se lembre, não se assuste: todos esses vieses que citamos neste parágrafo estão na nossa parte 1.

Nada do que fazemos pode eliminar os quatro problemas (até que tenhamos uma forma de expandir o poder computacional e a capacidade de armazenamento de nossas mentes para corresponder ao universo), mas se aceitarmos que somos sempre tendenciosos, e que há possibilidade de melhoria, o viés de confirmação continuará nos ajudando a encontrar evidências que apoiem essa ideia, o que, no fim, nos levará a uma melhor compreensão de nós mesmos.

Você vai acabar enxergando esses vieses em muitos lugares a partir de agora. Fato é que os vieses cognitivos são apenas ferramentas úteis em alguns contextos, prejudiciais em outros. São as únicas ferramentas que temos, e até que fazem bem o que foram projetadas para fazer. O melhor é nos familiarizarmos com elas e até mesmo apreciarmos o fato de que, pelo menos, temos alguma capacidade de processar o universo com nossos cérebros enigmáticos.

Benson, B. (2023, April 30). Cognitive bias cheat sheet. Retrieved June 22, 2024, from Medium website: https://betterhumans.pub/cognitive-bias-cheat-sheet-55a472476b18#.2ezsqki3y

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