O mindfulness (ou “atenção plena”) tem se popularizado muito nos últimos anos. Já existem livros de autoajuda, aplicativos, canais do YouTube e uma infinidade de materiais sobre o assunto, todos com base em estudos promissores da eficácia do mindfulness e da meditação para muitas pessoas. Porém, como tudo na ciência, esse é um assunto que também gera muitos questionamentos.

Para dar um contexto melhor, o mindfulness tem como um dos principais pressupostos que devemos aprender a ver nossos pensamentos e emoções como “nuvens” conforme eles passam por nossa mente – ou seja, reconhecê-los, mas sem lhes atribuir importância significativa. 

Porém, Odysseus Stone, doutor na Universidade de Copenhage, argumenta que essa abordagem pode ser problemática quando aplicada a pensamentos e emoções profundamente arraigados, como convicções políticas e sociais. Ele sugere que nem todos os pensamentos e sentimentos podem ser tratados da mesma forma e alguns merecem atenção e consideração mais profundas. Faz sentido, né?

Além disso, o autor questiona a ideia muito presente de que devemos nos concentrar exclusivamente no agora – de acordo com ele, nossas narrativas pessoais, que envolvem passado e futuro, dão significado e estrutura às nossas vidas. Não deveríamos, se pensarmos por esse lado, considerar o presente como a única realidade fundamental, porque nossas experiências e ações geralmente se relacionam com o passado e o futuro de alguma forma.

Por fim, Odysseus ainda pondera sobre como o mindfulness pode acabar individualizando vários problemas sociais mais amplos ao fazer com que a responsabilidade de lidar com essas questões da melhor forma possível recaia sobre o indivíduo. Nesses casos, ele sugere que uma abordagem mais ampla deve ser considerada para levar em consideração essas problemáticas.

Já ouviu algum psicólogo responder a alguma pergunta com “depende”? Esse é mais um dos casos! Sempre importantíssimo lembrar que (infelizmente) nem todas as técnicas são para todo mundo.