Conteúdo escrito por Jennifer Craco
Há uma crise de saúde mental na ciência, em todas as carreiras e ao redor do mundo. É isso que argumenta um artigo da Nature, que traz dados sobre assédio moral e sexual, discriminação, pagamentos escassos, bullying e sobrecarga de trabalho.
Conforme os dados, pesquisadores são muito mais propensos a experienciar episódios de depressão e ansiedade do que a população geral. Para se ter uma ideia, uma pesquisa com 5.247 estudantes de pós-graduação nos EUA constatou que 38% dos entrevistados relataram sintomas consistentes com ansiedade e 35% tiveram depressão. De 2019 para 2020, o número de alunos com depressão dobrou e a prevalência de ansiedade aumentou assustadores 50%.
Além disso, esses problemas afetam de forma desproporcional membros de grupos sub-representados, incluindo mulheres, pessoas não-binárias, pessoas não-brancas, indivíduos de minorias sexuais e de gênero (LGBTQIAP+) e estudantes de baixa renda. No entanto, também afetam pesquisadores seniores e cientistas em diferentes países.
Mas como podemos explicar uma problemática tão complicada? A cultura de pesquisa tóxica é identificada como um fator significativo para os problemas de saúde mental: o estresse financeiro, a insegurança no emprego e a pressão para publicar e obter subsídios são fatores adicionais que contribuem para a saúde mental precária entre os cientistas. Ambientes desfavoráveis e que apresentem questões de assédio e discriminação como mencionado acima também representam um fator de risco.
A necessidade de um ambiente de trabalho favorável e uma mudança nas estruturas de financiamento são enfatizadas como cruciais para promover a saúde mental e reter jovens talentos na comunidade científica. Os meios científicos estão começando a reconhecer a urgência desses problemas, mas alguns argumentam que a mudança ocorre tão lentamente que muitos jovens cientistas infelizmente abandonam a carreira – o que pode ter consequências negativas para a sociedade e para pesquisas futuras.
Hall, S. (2023). A mental-health crisis is gripping science — toxic research culture is to blame. Nature, 617(7962), 666–668. https://doi.org/10.1038/d41586-023-01708-4
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